Friday, March 25, 2011

No "D. Diogo de Sousa": Floresta determina cor dos nossos animais



O ser humano não sobrevive sem as outras espécies animais e vegetais e a floresta é a maior fonte de biodiversidade, determinando inclusivamente a cor dos animais: estas três máximas científicas foram reafirmadas ontem, em Braga, pelo prof. Catedrático Jubilado da Faculdades de Ciências da Universidade de Coimbra, Jorge Paiva.

O professor, com uma capacidade de comunicação divertida notável, deixou boquiabertos os alunos do Colégio Dom Digo de Sousa durante uma palestra sobre a “Floresta portuguesa e biodiversidade” que assinalou o Dia Mundial da Água neste Ano Internacional da Floresta.

Comparando o corpo humano a um motor que precisa de combustível para fazer a combustão e produzir energia, o prof. Jorge Paiva disse que “o nosso corpo está cheio de motores biológicos que precisam de combustível (comida) que tanto vamos buscar aos animais (leite e carne e peixe) como às plantas (sumos e cereais)”. São várias as fontes (biodiversidade) de combustível para o nosso corpo — a biodiversidade é, assim imprescindível para sobrevivermos” — adiantou o prof. de Ciências Botânicas.

Se é verdade que um corpo animal (humano) cresce, um carro não (mantém sempre o mesmo tamanho) pelo que a fonte de crescimento deve-se à divisão das células que precisam de energia e proteínas (carne e peixe), cujo azoto tóxico é libertado pela urina.

A propósito dos tóxicos que o corpo humano liberta, Jorge Paiva escandalizou os alunos quando revelou que, no “tempo do nosso Viriato, eles bebiam urina para curar doenças e mesmo agora quando uma ferida ganha pus num dedo, se metermos os dedos em urina, a ferida cura-se”.

As plantas também libertam azoto — depois de expostas ao sol que é a sua fonte de energia — e a indústria farmacêutica aproveita os seus restos tóxicos para medicamentos.

Assim, continua o professor de ciências botânicas, “se, os outros seres vivos não tínhamos comida, medicamentos, roupa, mobílias, etc., não sobrevivíamos”.

Neste capítulo, é de primeira importância a biomassa (conjunto de todas as plantas) para alimentar os animais e nós nos alimentarmos delas e deles. Na Terra existem zonas onde as árvores produzem biomassa todo o ano (folhas perenes ou persistentes) e por isso é que há mais animais na floresta que num pardo.

Desta constatação nasce a “necessidade de proteger as florestas porque é aí que há mais biomassa e se fabrica mais oxigênio” — explicou Jorge Paiva afirmando que a floresta da Amazônia é responsável por 40 por cento do oxigénio que a terra precisa.



Cor das plantas determina
a cor dos nossos animais


Geradora de gargalhada admirada foi a segunda parte da palestra, quando Jorge Paiva demonstrou que a cor predominante das árvores da floresta mediterrânica (de filha caduca, amarelecida ou acastanhada) determina a cor dos animais da nossa floresta, todos pardos acastanhados.

Jorge Paiva destacou a biodiversidade da floresta portuguesa, mais rica que a do resto da Europa, compreendendo-se a preocupação da Europa em a proteger. Uma floresta de uma só espécie favorece a progressão dos incêndios e da doenças. Portugal tem uma floresta de carvalhais (apesar do avanço com pinheiro e eucaliptos por acção humana), árvores de folha caduca que dão frutos castanhos e as árvores de folha perene tem frutos coloridos.

Grande parte da nossa floresta foi devorada para lenha e para barcos, seguindo-se a invasão dos pomares. Aquelas árvores que não davam bons frutos davam para fazer gamelas, vimes para a cestaria e tamancos. “Nós vivíamos da floresta, onde existe uma enorme variedade de micro-organismos caçadores de bactérias, de plantas, musgos, fetos, urzes, cogumelos, etc., e com a sua destruição estão a aparecer novas doenças”.

Numa floresta de carvalhais, a cor dos frutos e folhas acastanha-se e os animais que nela habitam e aí se alimentam são castanhos. Socorrendo-se de fotografias, Jorge Paiva apresentou uma série deliciosa de exemplos: esquilo, javali, cabra, urso, raposa, etc. Em Portugal são acastanhados e nas zonas de neve são... brancos.

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