Tuesday, June 23, 2009

Palmeira, Dume e S. Vicente querem novo pólo pastoral




D. Jorge Ortiga encerrou o programa de visitas pastorais às paróquias do concelho de Braga, em Palmeira, com uma celebração solene do sacramento da Confirmação para vinte e cinco jovens e cinco adultos, culminando uma presença que se iniciou sexta-feira com a Assembleia paroquial. Palmeira foi a primeira paróquia — há 40 anos — a fazer o compasso pascal, apenas com leigos.

O Arcebispo primaz contactou com uma comunidade bipolar — marcada pelas celebrações litúrgicas na Igreja paroquial e na Capela de S. Estêvão no lugar da Póvoa — marcada pela entrada de famílias novas para as urbanizações que vão nascendo nesta freguesia dos arredores de Braga.

A característica bipolar faz com que grande parte das pessoas do pólo da Póvoa apenas se deslocam á Igreja matriz nos baptizados ou nos funerais, uma vez que os restantes momentos da vida religiosa se desenrolam e celebram na capela de S.Estêvão.



O Padre Manuel Graça Oliveira serve Palmeira desde há pouco mais de ano e meio mas já reconhece algumas características desta comunidade onde escasseia ainda o espírito de corpo: "Isto não é negativo, mas as pessoas não têm um grande sentido de comunidade e necessidade de compromisso com a paróquia. Vão à missa a várias igrejas da cidade de Braga e por isso não há grande sentido de pertença. Aquele sentimento de afirmar "esta é a minha paróquia" ainda não existe. Porque existe muita mobilidade e há famílias novas que não eram de cá e mantêm as ligações à sua terra".

Como forma de contrariar esta característica, ganha contornos a ideia de criação ou construção de um novo centro religioso, perto do estádio novo de Braga, uma vez que as Igrejas paroquiais de S. Vicente, de Palmeira e de Dume ficam distantes.

Apesar destas características, as gentes de Palmeira têm dado provas da sua dedicação à paróquia de que é testemunho o novo Centro Comunitário pastoral, um equipamento que dotou a comunidade de espaços dignos para as actividades pastorais e sedes para os movimentos juvenis. Os compromissos assumidos com os bancos para financiar a construção estão resolvidos e restam agora pequenos compromissos com empresas privadas.



A paróquia, além do Centro Comunitário tem como património o Centro de Catequese, ao lado do cemitério, a Igreja paroquial (construída já no século XX, a partir da setecentista capela de S. Sebastião quando a antiga Igreja paroquial — no lugar de Assento — foi demolida) e as capelas do Senhor dos Milagres e de S. Estêvão, no lugar da Póvoa.

A prioridade da comunidade paroquial está agora em fazer alguns melhoramentos no telhado e na torre da Igreja paroquial, mas só depois de liquidadas as contas pendentes do Centro Comunitário. O Centro Comunitário acolhe espaços para as actividades pastorais, sede do Corpo Nacional de Escutas, salas para reuniões, auditórios e residência comunitária de sacerdotes

Com cerca de 1200 famílias que acedem à vida comunitária através de um jornal mensal — "Notícias de Palmeira —, Palmeira possui dois pólos de catequese, um na Igreja Paroquial e outro no pólo da Póvoa, em torno da capela de S. Estêvão, totalizando mais de 330 crianças. O pólo de catequese da Igreja tem 277 crianças e o da Póvoa que goza de certa autonomia tem meia centena de crianças, onde são seguidos os dez catecismos sob coordenação de 32 catequistas, de vários escalões etários, um número escasso para as necessidades.

"Faltam catequistas pois alguns grupos são muito grandes e mais formação" — admite o padre Manuel Graça Oliveira dando o exemplo da formação para a Primeira Comunhão, com 49 crianças e apenas quatro catequistas.

No que se refere à juventude, a paróquia de Palmeira possui um grupo de jovens que resulta do grupo que foi crismado no ano passado e "tem sido o motor de animação da liturgia da Missa dos sábados, alem de possuir uma forte componente de voluntariado que presta serviço no Banco Alimentar contra a Fome". Além disso, desenvolvem outras actividades.

O grande motor de unidade da juventude em torno da comunidade é constituído pelos 84 jovens que formam o agrupamento do Corpo Nacional de Escutas (CNE) que "trabalha muito bem e está bem estruturado" — sublinha o pároco de Palmeira que destaca as quatro secções que cobrem a paróquia toda.

Os mais crescidos têm o apoio da Legião de Maria, com dois pólos, um à volta da Igreja e outro na Póvoa. Este movimento de espiritualidade mariana tem uma componente sócio-caritativa através da distribuição de alimentos a agregados familiares carenciados, mediante um levantamento feito pela Junta de Freguesia e com apoio do Banco Alimentar contra a Fome. A Legião de Maria tem cerca de vinte militantes.

Se é verdade que as confrarias já não têm o dinamismo de outros tempos, Palmeira mantém ainda as irmandades do Santíssimo Sacramento, de S. Sebastião, Nossa Senhora de Fátima e Nossa senhora da Purificação (padroeira da paróquia). Por agora, vão cumprimento as obrigações estatutárias.

As celebrações litúrgicas são animadas por dois grupos corais. O Grupo Coral da paróquia, dirigido pelo Padre Sebastião Faria, "canta muito bem, com vozes bem trabalhadas e possui cerca de 40 elementos" que animam as Eucaristias em dois domingos por mês. O Grupo juvenil, dirigido e ensaiado pela Professora Mónica, é constituído por trinta elementos e anima uma Eucaristia dominical por mês.

Interessante é a festa de Natal no Domingo de Reis proporcionada pelos dois grupos que aliam a grande música sacra à música popular tradicional de sabor religioso, que são cultivadas ao longo do ano para ser mostrada e preservada nesta festividade. Nos últimos, anos, estes grupos corais mantêm um concerto de música clássica, na quadra da Páscoa, com grupos vindos de fora, como foi este ano com a participação da Capella Bracarensis e da Orquestra Sinfonieta de Braga.

No capitulo das festas, a paróquia de Palmeira vive com intensidade os festejos em honra do Senhor do Rio, com arraial popular no segundo Domingo de Maio, na capela do senhor dos Milagres, o mesmo acontecendo com a festa do Senhor da Saúde, na Póvoa, no segundo Domingo de Agosto. A Póvoa acolhe também em 26 de Dezembro a festa em honra de Santo Estêvão, titular da capela ali existente. Na Igreja Matriz, com celebrações religiosas, é assinalada a festa da padroeira, no dia 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora da Purificação cuja imagem, no altar-mor, do artista Fânzeres, é lindíssima.



O mês de Maio é vivido com grande intensidade, quer na Igreja matriz quer nas duas capelas (Da Póvoa e do Senhor dos Milagres ou do Rio), encerrando com uma procissão de velas entre a Capela do senhor do Rio e a Igreja matriz.

Palmeira foi a primeira freguesia de Braga — há 40 anos, ao tempo do padre José Maria Vieira da Costa — a fazer o compasso pascal com leigos. Hoje são oito as cruzes ou compassos que percorrem a freguesia, com a particularidade de grande parte dos mordomos serem proprietários da Cruz que visita as casas. O mordomo traz a Cruz à Igreja para a bênção. É-lhe entregue no dia seguinte e durante o ano fica em sua casa.

O padre Manuel Graça Oliveira é o director de um jornal de informação e documentação, através do qual procura criar um espírito de comunidade maior. Com quatro páginas o "Notícias de Palmeira", com fotos a cores, dá conta do que mais importante acontece na vida da comunidade, desde os baptismos, funerais, desporto, actividades das associações existentes na freguesia,políticas, civis e religiosas, bem como uma rubrica sobre o passado da história da freguesia.

Aliás, a Junta de Freguesia apelou a todos os residentes que possuam contributos para que os cedam de forma a elaborar uma monografia desta freguesia.

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