Saturday, May 30, 2009
S. Martinho de Tibães: o esplendor de uma comunidade cristã
O bispo auxiliar de Braga afirmou hoje, em Mire de Tibães, que o afastamento dos jovens da Igreja é da responsabilidade dos adultos que têm sido "incapazes de transmitir a beleza e o amor do cristianismo" aos mais novos. D. António Couto respondia a uma pergunta dos adolescentes da catequese, durante um encontro que teve com eles antes de encerrar a visita pastoral a S. Martinho de Mire de Tibães onde administrou o sacramento da Confirmação a 42 jovens.
Destes jovens, 24 pertencem à paróquia de Mire de Tibães, e os restantes fizeram uma caminhada específica em cinco paróquias vizinhas (Padim da Graça, Merelim (S. Pedro e S. Paio), Panoias e Parada de Tibães.
Esta Comunidade paroquial mostrou ontem todo o seu carinho e amor ao construir um tapete colorido entre o Cruzeiro e a Igreja do Mosteiro de Tibães — com toda a sumptuosidade da sua talha barroca — para receber o bispo auxiliar de Braga no encerramento da visita pastoral iniciada na sexta-feira com o encontro dos idosos e doentes e a realização da Assembleia paroquial.
À porta principal do templo estava — desenhado com grãos de arroz e de milho — a pomba que simboliza o Espírito Santo, tendo o cortejo envolvido as forças vivas da paróquia, desde as confrarias aos escuteiros, enquanto o Grupo coral esperava dentro da Igreja para iniciar o Cântico de Entrada para a celebração do Pentecostes.
Antes da Celebração solene da Eucaristia, D. António Couto esteve primeiro com os mais novos da Catequese onde satisfez a curiosidade dos miúdos que lhe fizeram perguntas sobre a sua vida e o que significava a "bola" — flor de amendoeira — que tinha na cruz peitoral e como escolheu esta vida de Bispo. O Bispo explicou que a amendoeira é a única planta que floresce no Inverno e constitui um símbolo da esperança, essa "menininha que tem sempre e só nove anos", citando um teólogo francês.
No segundo encontro da tarde, com os mais crescidos, as perguntas foram mais profundas, depois de D. António Couto os ter desafiado a "abrir caminhos novos para este mundo velho" através da "capacidade de não concordar" com a imagem de uma Igreja antiquada que é transmitida pela comunicação social ou na escola.
Quase no fim da sessão de perguntas, um dos jovens perguntou a D. António qual a explicação para os jovens se afastarem da Igreja. O bispo auxiliar de Braga respondeu com uma história da sua vida, quando se encontrou com um casal judeu e este lhe dizia: "se um dia os meus filhos não seguirem a minha religião (judeísmo), a culpa não é deles, é da nossa incapacidade em lhes transmitirmos a beleza da nossa religião".
temos sido incapazes de transmitir aos jovens a beleza e o amor da nossa religião e de Cristo. O nosso testemunho falha". Nesse sentido, o prelado desafiou os jovens a perderem o "medo de arriscar a vida por um amor verdadeiro. Tudo o que for feito por amor verdadeiro vale a pena fazer", dando os exemplos de Cristo, S. Bento, S. Francisco Xavier ou Madre Teresa de Calcutá.
Depois de apontar estes exemplos, D. António Couto desafiou os adolescentes que o ouviam a que "não tenhais medo de empenhar a vossa vida, para não ficar de braços cruzados ou ficar à espera que alguém faça".
ORGULHOSA
DA SUA
HISTÓRIA
D. António Couto foi acolhido por uma comunidade "orgulhosa da sua História" — como destaca o padre Luís Gonzaga, uma vez que "o Mosteiro marca sua identidade" e sabe "conjugar a história da vida monástica com uma vivência eclesial com esta dimensão artística".
Aliás, foi nesse sentido o apelo deixado na sexta~feira à noite, na Assembleia paroquial, por D. António Couto: "fazer todas as coisas com simplicidade e profundidade", a começar numa maior participação dos pais nas actividades da catequese frequentada por 250 crianças, orientadas por 17 catequistas.
"A catequese, diz o pároco, é a menor parte da formação religiosa pois a participação dos pais é o caminho necessário para aprofundar a iniciação à vida cristã". Daí que os pais sejam convidados a participar em reuniões trimestrais porque é "importante para as crianças saber que os pais também estão em formação".
A Catequese é feita às sextas-feiras e aos sábados, em dois pólos, no Mosteiro e nas salas existentes na Capela da Senhora do Ó. A diferenciação de horários permite que, sendo insuficientes, as salas permitam dar resposta às necessidades.
Para os adolescentes e jovens, a Comunidade dispõe de um agrupamento de Escuteiros — CNE — com várias décadas de existência e cerca de 40 elementos, cuja sede é nas instalações da Casa do Povo — ao fundo da recta para Ruães.
DOS JOVENS
À J. O. C.
Outra força da juventude é o Grupo de Jovens, fundado há 22 anos, com 17 elementos, reforçado com um grupo da Juventude Operária Católica (JOC) para mais crescidos, com mais de meia dúzia de militantes e uma dúzia na fase de iniciação, desde há dois anos, numa comunidade onde ainda existem também militantes da LOC.
Também a pastoral familiar tem uma alavanca visível, através de meia dúzia de casais. Tudo começou com um Curso de Preparação para o matrimónio e a actividade prolonga-se agora no trabalho de preparação para o Baptismo.
Dois grupos corais animam as celebrações litúrgicas, um na Igreja do Mosteiro e outro na Capela da senhora do Ó. O da Igreja tem muita tradição, animada pelas 35 vozes, com ensaios regulares nas noites de sexta-feira e o segundo é mais pequeno, ensaia às quintas-feiras e é constituído por vinte vozes.
S. Martinho de Mire de Tibães é uma comunidade participativa como se nota nas festas que celebra ao longo do ano, a começar na de Nossa Senhora do Ó, no primeiro domingo de Maio. Mas quem não conhece a festa do Cerco, a S. Sebastião, no primeiro domingo de Agosto, ou então a festa da Senhora da Cabeça, no alto do Monte de S. Filipe, no segundo Domingo de Julho, que atraem romeiros das freguesias vizinhas?
A CRUZ
DAS FAMÍLIAS
É ALEGRIA
PASCAL
O presépio movimentado é o coração da festa do Natal que os jovens de Mire de Tibães vivem com enorme empenho e dedicação que atrai milhares de pessoas a Tibães naquela quadra cuja alegria festiva se equipara também ao Tríduo pascal a "crescer e a afirmar-se como momento importante da vida da Comunidade" — reconhece o Padre Luis Gonzaga.
Outro momento de grande fôlego é a entrega da cruz pascal, no primeiro domingo de Fevereiro, ás cinco famílias que vão organizar o compasso da visita pascal. É uma tradição bem bonita. Seguindo o livro de assento dos matrimónios, — vai nos anos de 1977 ou 1978 — são escolhidos os cinco casais que ficam com a Cruz. Boa parte aceita, a não ser por razões válidas como estar de luto oupor dificuldades económicas, mas vivem a entrega da Cruz como acontecimento familiar de grande importância porque permite o reencontro da família ou até fazer a festa que não foi possível fazer no dia do Casamento. É uma tradição muito comprometedora e com muita vida" — diz o nosso interlocutor.
Outro momento festivo é o dia do Padroeiro — S. Martinho — celebrado em parceria com o Mosteiro e com a Junta de Freguesia, marcado sempre por um "momento cultural de grande relevo e muito forte" como se pode ver pelos concertos que ali se têm realizado. Nos últimos anos, um deles foi o Réquiem de Mozart.
No capítulo das Confrarias, a mais antiga é a Da senhora do Rosário e mais recente é a da Senhora do Ó que coexistem com uma associação de fiéis de Nossa senhora da cabeça que zela e cuida da capela de S. Filipe e dinamiza a celebração de uma eucaristia no último domingo do mês.
MULHERES
MOVIMENTAM-SE
A acção social está confiada a esse extraordinário empenho das Mulheres em Movimento — projecto que nasceu em 2001 para cuidar dos idosos e se lançou na construção do Centro Social Paroquial, apoiado pelo programa PARES, em fase de conclusão e deve entrar em funcionamento no último trimestre deste ano, como lar para 15 idosos, centro de dia para 30 pessoas e apoio domiciliário a mais trinta idosos. Além do trabalho, "Mulheres em movimento" despertou a comunidade paroquial para a unidade de esforços e participação, empenhando as pessoas na angariação de fundos e mobilizando as 800 famílias para o sorteio que se realiza em Agosto.
O padre Luís Gonzaga reconhece que existe alguma urgência de obras apenas na Capela de Nossa senhora do Ó, especialmente o "seu retábulo, com uma degradação muito grande e começa a ser uma urgência o seu restauro".
O pároco elogia o relacionamento com o Mosteiro pois "estamos profundamente implicados, em autonomia e em colaboração muito grande, desde a Direcção até aos funcionários que vivem o Mosteiro como ponto aglomerador da identidade desta comunidade".
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