Saturday, December 13, 2008

Fafe: Ramos Rosa inspira outros poetas




A Editora de Fafe, “Labirinto”, acaba de lançar mais uma das suas múltiplas pérolas, ao reunir 57 escritores em torno de “Um poema para Ramos Rosa”, sob coordenação de Maria do Sameiro Barroso.

Esta antologia de poesia com capa de Laura Cesana e uma bela contracapa com a foto de António Ramos Rosa, captada por Ricardo Paulouro.

É o resultado do poder que têm os grandes poetas, ou seja, a sua capacidade de “juntar, reunir debaixo da copa da sua árvore, toda a plêiade de vozes poéticas que ao seu tronco se unem”.

Ao longo de oitenta páginas, os leitores encontram 57 poemas de outros tantos escritores portugueses, entre eles o colaborador do Correio do Minho, Artur F. Coimbra, e do antigo director deste jornal, José Manuel Mendes. Entre os escritores que se associaram a esta antologia contam-se Bpaventura Sousa santos, Pompeu Martins, Jorge Listopad, Rui Ventura ou Urbano Tavares Rodrigues.

Os poetas aqui reunidos “quiseram dizer do seu assombro” que a poesia do algarvio provoca a todos aqueles que sentiram o “prazer imenso de por ela serem tocados no ombro e convidados a sentarem-se à(sua) mesa do vento”.

Mesmo que tenhamos diante de nós 57 poemas que andam à volta — em jeito de homenagem ou aparecendo como ramos de uma árvore — de António Ramos Rosa, nunca se pode saber e perceber a verdadeira “dimensão da influência exercida por um grande poeta, quer nos poetas seus compagnons de route, quer nos das gerações subsequentes”.

Conforme escreve Paula Cristina Costa, no prefácio a esta colectânea, a influência não cria mas desperta, daí que atravermo-nos a falar da “influência da poesia de António Ramos Rosa na nossa poesia contemporânea é como subir a Machu Pichu para de lá avistar, como Neruda, toda a influência do mundo sul americano, ou como nós, podermos sobrevoar o despertar de uma constelação de vozes que partem da gruta primordial das alturas andinas da sua linguagem para se ramificarem em ramos e caminhos diversificados”.

A prefaciadora explica que esta colectânea reúne “dezenas de poetas de sucessivas gerações”, desde os que “tiveram o privilégio de conviver com António Ramos Rosa” aos que, sendo de naturezas, idades e tendências mais variadas revelama importância “absolutamente transversal que a poesia de António Ramos Rosa tem tido na nossa poesia contemporânea”.

É um primeiro passo embora seja cedo “para fazer um levantamento, mais ou menos exaustivo ou conclusivo dos novos poetas que ele influenciou”, quer nos “princípios que ele defendeu” quer “enquanto exemplo de poeta que (…) procurava uma arte poética de uma força, expansão vital e luminosidade sem igual”.

Paula Cristina Rosa argumenta que esta antologia pretende ser um “testemunho vivo” da profunda admiração de um conjunto de poetas que “aqui quiseram prestar uma homenagem a António Ramos Rosa” e simultaneamente é uma “clareira aberta para o possível (re)encontro de algumas das marcas, sulcos, ecos ou raízes (…) que nos ligam ao tronco, à seiva da sua voz, à frecsura e à sombra da folhagem da sua árvore”.

Esta colectânea tem o patrocínio dos municípios de Fafe e Faro, onde António Ramos Rosa dá nome à Biblioteca Municipal.

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