Tuesday, July 5, 2011

Justiça: afinal havia outro défice!


Um copianço generalizado num teste do curso de auditores de Justiça do Centro de Estudos Judiciários — futuros magistrados do Ministério Público — constitui a prova de que há muita gente que só pretende honras sem qualquer pingo de honra.

Como a emenda é pior que o soneto, a direcção do Centro de Estudos Judiciários, numa decisão corporativa que nos faz recuar 40 anos, após a anulação do teste, optou por dar nota positiva (10 valores) a todos os futuros magistrados.

Ou seja, para s futuros magistrados do Ministério Público, o crime compensou. Querem melhor retrato da justiça portuguesa, ele aí está, confirmado pela Direcção do Centro de Estudos Judiciários.

Num despacho assinado pela diretora do CEJ, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, a que a agência Lusa teve acesso, comprova o crime: na correcção do teste “verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos” de alunos da mesma sala.

O documento indica que, em alguns grupos, “a esmagadora maioria dos testes” tinha “muitas respostas parecidas ou mesmo iguais”, constatando-se que todos os alunos erraram em certas questões.

No despacho é dito que as perguntas erradas nem eram as mais difíceis do teste, tendo-se verificado o inverso: numa das questões mais difíceis ninguém falhou.

Perante o copianço da turma, que fez a direcção do CEJ? Decidiu “anular o teste em causa, atribuindo a todos os auditores de Justiça a classificação final de 10 valores” em Investigação Criminal e Gestão do Inquérito.

Não estamos a falar de adolescentes cuja consciência ética está em formação. Estes senhores e senhoras são adultos, alguns com anos de exercício de advocacia, cuja ética e deontologia profissional fica assim desmascarada.

Vitor Hugo diria que estas pessoas vêem as regras de honra como se olham as estrelas, de longe.

A principal missão do Centro de Estudos Judiciários é a formação de magistrados judiciais e do Ministério Público para os tribunais judiciais e para os tribunais administrativos e fiscais.

Numa instituição a sério, estes “meninos e meninas” que copiaram tinham nota zero, porque é o que eles valem quer em sabedoria, em competência e em honestidade. É por estas e por outras que este país não sai da estaca zero.

Quando é que estes figurões se apercebem que se estáo a enganar, em primeiro lugar, a si mesmos?

Nunca, porque isso não se copia.

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