Tuesday, July 5, 2011
Falhanço do país engabinetado
Nas últimas semanas foi notícia o lamento de um empresário do interior do país que quer expandir a sua empresa mas não encontra gente para trabalhar.
Alguns virão já a corer a dizer que este empresário quer operários que trabalhem de graça ou paguem para trabalhar, mas sosseguem que não é o caso.
Não é o caso da Insercol, uma empresa da metalomecânica, em Moimenta da Beira, distrito de Viseu, que tem suspenso um investimento superior a milhão e meio de euros.
Por isso, o empresário João Guedes não aceita de bom grado a palavra crise porque “trabalho não falta”, o que falta “é gente para trabalhar”.
Esta empresa de referência na área da metalomecânica, tem um volume de negócios médio superior a quatro milhões de euros e registou no ano passado registado um crescimento de 30 por cento no volume de negócios e aumentou em mais de 20 por cento os recursos humanos.
Esta empresa quer investir “pelo menos” 1,5 milhões de euros em tecnologia de ponta e não sabe como fazê-lo, por não encontrar disponível mão de obra que permita a garantia da rentabilidade do investimento.
Quando Portugal vive momentos dramáticos com um desemprego medonho, ficamos intrigados por haver quem gosta de ter gente para trabalhar e não encontra, pagando ordenados que, em média, ultrapassam os 1.100 euros.
Metade dos trabalhadores vêm de fora de Moimenta de Beira e do distrito de Viseu, nomedamente de Aveiro e Porto.
Não basta construir auto-estradas para o interior agora, quando passamos décadas a estimular a desertificação do interior.
Está aqui o resultado de uma governação que durante séculos apenas lhou pel umbigo do país e desprezou os estímulos à maternidade.
Está aqui a prova de um plano nacional de formação profissional onde, depois de extinguir o ensino profissional, se gastaram milhões e milhões de euros do Fundo Social Europeu para dotar os jovens de cursos de papel, computador e lapis, esquecendo a agricultura e a indústria.
Num país que compra quase oitenta por cento do que come e enche os discursos com apoios à exportação, fica aqui um exemplo de uma empresa que precisa mais de operários do que incentivos para vender para fora.
Os planos de formação profissional engabinetados geraram um país com escassez de técnicos intermédios, a verdadeira alavanca que impedirá o falhanço desta Nação.
Há muito mais Portugal para além dos computadores.
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