Thursday, December 3, 2009

Um padre para os Homens


Os reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga e tantos, tantos cristãos perderam o seu São Leonardo de Noblat, pela sua vida de austeridade, de pregação e de um sorriso sempre presente que se prolongava na comunicação.

À semelhança de Leonardo, que viveu no século VI, o padre Fernando Leite nutria grande compaixão pelos prisioneiros e obteve a libertação de muitos, num trabalho difícil, paciente, silencioso e discreto com os rejeitados da sociedade e suas famílias.

Aos 89 anos, não se pode dizer que a sua morte seja surpresa. A surpresa negativa acontece a partir de agora, com a sua ausência e sepultura hoje, na sua terra natal, em São Nicolau, Cabeceiras de Basto. Era completo e multidisciplinar. Que o digam os seus "amigos das Palhotas"

O padre Fernando Leite viveu toda a sua vida dedicado ao serviço do Apostolado da Oração mas a sua grande obra foi a Revista Cruzada, da qual foi, durante mais de 60 anos, Director, sendo também director do Jornal Clarim e dos “Bilhetes Mensais” (Oração e Vida).

Traduziu a sua apixão pela mensagem de Fátima em algumas dezenas de livros e opúsculos, sobretudo sobre a Mensagem de Fátima, de que era um apaixonado sem esquecer o entusiasmo que nutria pelo Movimento da Cruzada Eucarística, de que era Assistente Nacional e Diocesano!

Recordo-o também como Director Espiritual dos Seminários Diocesanos de Braga, onde a sua piedade, humildade, amizade e dedicação para connosco era singular. A ele ninguém tinha pudor ou receio de se confessar. Não sei que melhor podia escrever para definir este grande Padre!


Enquanto Leonardo de Noblat se refugiou na floresta de Limousin, Fernando Leite, vivendo para Deus, em profunda espiritualidade (como bem descreveu o padre Dário Pedroso), foi sobretudo um Padre para os Homens, doando tempo, dedicação, inteligência, amizade, e coração aos reclusos, como Capelão do Estabelecimento Prisional, em duas décadas.

Todo este imenso e longo trabalho a Braga mereceu-lhe, aquando dos 900 anos da Catedral de Braga, uma comenda do Papa João Paulo II, como testemunho de gratidão pela dedicação e generoso trabalho.

Devemos-lhe muito. Braga fica em dívida para com ele, pelos 60 anos que lhe dedicou integralmente. Ele foi um dos enormes talentos que a Companhia de Jesus disponibilizou à Igreja e a Braga.

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