A palavra vestiu-se
de poemas, engalanou-se de música (vocal e instrumental), inspirou depoimentos
e coreografou danças que alimentaram um sarau cultural no repleto auditório do
Colégio D. Diogo de Sousa, com a presença (falada e cantada) de Ana Bacalhau,
do grupo Deolinda.
Trata-se de uma
“tradição muito agradável” a mostrar que “somos aquilo que é fundamental, somos
uma escola cultural” – sustentou o director da escola no início do sarau.
O Padre Cândido
Azevedo e Sá não escondeu a sua alegria ao ver tantos pais, alunos, professores
e convidados na sala numa noite em que o Colégio “gosta da palavra” e quis
“elevar o espírito num mundo que só fala de números”.
O Director agradeceu
a presença de Ana Bacalhau e de Zé Pedro Martins, compositor da banda,
definindo-os como “pessoas com espírito de cultura que procura criar de forma
moderna”.
Nesta iniciativa do
Departamento de Língua Portuguesa, participaram alunos do ensino secundário,
mas coube à professora Isabel Fidalgo abrir a noite com a recitação de poemas
de Eugénio de Andrade.
Começa assim a festa
do prazer das palavras “como quem morde as rosas”, tendo Ana Bacalhau escolhido
a palavra “empatia” como a sua favorita, ao passo que aquela expressão que mais
detesta é ”ah, isso vai ser muito complicado”, desafiando todos os jovens a
fazer como ela: “arranjei uma maneira de descomplicar”.
Sobre as canções que
interpreta, diz que são “feitas de
histórias com personagens várias que nos rodeiam” e quanto a autores preferidos
fala de Camões, Sophia de Mello Breyner, Bob Dylan, José Afonso e António
Variações, colocando Fernando Pessoa no topo.
Para férias, Ana
bacalhau sugeriu aos alunos que levem um livro de Miguel Torga, como “Novos
Contos da Montanha”, sublinhando o “poder da palavra como agitador de
consciências” porque um “músico não é um robot para debitar notas, mas oferecer
um olhar crítico sobre o que vivo, o que vivemos neste momento e neste mundo”.
Depois de afirmar que
“Amália tem muita pinta”, Ana Bacalhau recordou que “era muito marrona na
escola” e pegar numa viola serviu para cantar “aquilo que sinto, vivo e
observo”.
Num momento em que se
prepara para retomar a escrita de canções – “que deixei de escrever” – os
interlocutores da conversa desafiaram-na a escolher as suas palavras, as que a
definem. Ana Bacalhau prefere “cantar, aprender, Fernando Pessoa, esperança,
Mouraria, Patinho de Borracha, palco, português e Amália”.
Após a conversa de
Ana Bacalhau, que fechou com duas canções “a capella”, a pedido dos alunos, coube
aos miúdos do ensino primário testemunharem sobre a sua palavra favorita, desde
amor até árvores, passando por confiança, amor, cores, etc.
Um ensemble de cordas — em estreia — serviu de “intervalo” na noite em
que as palavras tiveram “todo o tempo do mundo” com a música de Rui Veloso,
interpretada por alunos do 11.º ano, enquanto os do nono ano interpretaram
“Velho”, de Mafalda Veiga.
A noite encerrou com
uma exibição de dança que deixou encantado quem preferiu esta noite a um jogo
de futebol na Liga Europa.
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