Saturday, May 12, 2012

Gala da Palavra no D. Diogo de Sousa



A palavra vestiu-se de poemas, engalanou-se de música (vocal e instrumental), inspirou depoimentos e coreografou danças que alimentaram um sarau cultural no repleto auditório do Colégio D. Diogo de Sousa, com a presença (falada e cantada) de Ana Bacalhau, do grupo Deolinda.

Trata-se de uma “tradição muito agradável” a mostrar que “somos aquilo que é fundamental, somos uma escola cultural” – sustentou o director da escola no início do sarau.

O Padre Cândido Azevedo e Sá não escondeu a sua alegria ao ver tantos pais, alunos, professores e convidados na sala numa noite em que o Colégio “gosta da palavra” e quis “elevar o espírito num mundo que só fala de números”.

O Director agradeceu a presença de Ana Bacalhau e de Zé Pedro Martins, compositor da banda, definindo-os como “pessoas com espírito de cultura que procura criar de forma moderna”.

Nesta iniciativa do Departamento de Língua Portuguesa, participaram alunos do ensino secundário, mas coube à professora Isabel Fidalgo abrir a noite com a recitação de poemas de Eugénio de Andrade.

Começa assim a festa do prazer das palavras “como quem morde as rosas”, tendo Ana Bacalhau escolhido a palavra “empatia” como a sua favorita, ao passo que aquela expressão que mais detesta é ”ah, isso vai ser muito complicado”, desafiando todos os jovens a fazer como ela: “arranjei uma maneira de descomplicar”.

Sobre as canções que interpreta, diz que são  feitas de histórias com personagens várias que nos rodeiam” e quanto a autores preferidos fala de Camões, Sophia de Mello Breyner, Bob Dylan, José Afonso e António Variações, colocando Fernando Pessoa no topo.

Para férias, Ana bacalhau sugeriu aos alunos que levem um livro de Miguel Torga, como “Novos Contos da Montanha”, sublinhando o “poder da palavra como agitador de consciências” porque um “músico não é um robot para debitar notas, mas oferecer um olhar crítico sobre o que vivo, o que vivemos neste momento e neste mundo”.

Depois de afirmar que “Amália tem muita pinta”, Ana Bacalhau recordou que “era muito marrona na escola” e pegar numa viola serviu para cantar “aquilo que sinto, vivo e observo”.

Num momento em que se prepara para retomar a escrita de canções – “que deixei de escrever” – os interlocutores da conversa desafiaram-na a escolher as suas palavras, as que a definem. Ana Bacalhau prefere “cantar, aprender, Fernando Pessoa, esperança, Mouraria, Patinho de Borracha, palco, português e Amália”.

Após a conversa de Ana Bacalhau, que fechou com duas canções “a capella”, a pedido dos alunos, coube aos miúdos do ensino primário testemunharem sobre a sua palavra favorita, desde amor até árvores, passando por confiança, amor, cores, etc.

Um ensemble de cordas — em estreia — serviu de “intervalo” na noite em que as palavras tiveram “todo o tempo do mundo” com a música de Rui Veloso, interpretada por alunos do 11.º ano, enquanto os do nono ano interpretaram “Velho”, de Mafalda Veiga.

A noite encerrou com uma exibição de dança que deixou encantado quem preferiu esta noite a um jogo de futebol na Liga Europa.

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