Wednesday, January 5, 2011
Liberdade de ensino ou do lucro?
Com a decisão do Governo, através do ministério da Educação, após diálogo dinamizado pela presidência da República, acabou a pior campanha a favor do ensino privado, em especial de algumas escolas ditas católicas.
Em jeito de declaração de interesses, para quem me lê, Deus dá-me a possibilidade de pagar integralmente os meus impostos e, ao mesmo tempo, poder optar por ter os meus gémeos, numa escola privada católica. Não recebem um cêntimo de apoio do Estado, nem subsídio para computadores Magalhães ou quejandos, muito menos cheque dentista. Outra observação. O que escrevo nada tem a ver com as cooperativas de ensino, uma das melhores manisfestações da cidadania e da democracia participativa.
Os meus filhos têm a sorte de aprender a ler, escrever, contar, trabalhar num computador, jogar futebol, ter educação física e natação em piscina coberta e aquecida, aprender inglês e outras actividades sem andar com a mochila de anás para caifás e custam-me – os dois 4.500 euros por ano — 2.250 euros cada um, anualmente. A escola deles é uma das melhores de Portugal e não precisa de publicidade.
Feita a declaração de intereses – só para dizer que sei sobre o que escrevo – vamos ao que interessa ao bolso dos portugueses que pagam impostos.
O Governo garantiu que a verba de 80 080 euros por ano e por turma definida para as escolas privadas com contrato de associação corresponde ao financiamento do ensino público de nível e grau equivalente.
Actualmente existem 93 escolas privadas com contrato de associação, que abrangem um total de 2120 turmas. Multipliquemos 2.120 turmas, por defeito, por vinte alunos.
Por defeito, multipliquemos todos os alunos por 3300 euros, um preço muito acima do custo dos alunos da escola frequentada pelos meus filhotes. Como dizia, o enorme António Guterres, agora é so fazer as contas…
A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular (AEEP) queria 3750 euros por aluno e por ano… em nome de quê? Não era em nome da liberdade de ensino (para os pais e para as crianças).
Só se for em nome do lucro obsceno de alguns proprietários de escolas privadas, quando todos os portugueses são estimulados a gastar menos.
Parece que, muitos deles invocando o santo nome de Deus em vão e outros a constitucional liberdade dos pais, não estão para aí virados.
Não mereciam esta benesse do Estado.
P.S. Foto dos alunos de fotografia da ETAP - V. N. Cerveira
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