É muito comum ouvir os
representantes da nossa classe política lisboeta — quando elas não agradam —
dizer que a verdadeira sondagem é a das urnas.
A democracia exerce-se
através do voto individual, universal e secreto, pelo que outros exercícios são
imperfeitos. É a sondagem das urnas.
Tanto é assim que todos
aceitamos esta regra do jogo, quando decidimos participar nele e não há
resultado posterior (vitória ou derrota) que justifique mudança da regras e de
atitudes.
Vamos à questão, sem rodeios
nem sofismas, que nos traz aqui, com lealdade, honestidade intelectual e
respeito pelos militantes do PS, um partido essencial ao futuro de Braga, pelo que tem feito ao longo de 36 anos.
Em primeiro lugar, os números
da eleição de Vítor Sousa, que se apresentou como candidato à liderança da
Comissão política de Braga do PS, foram claros.
Em segundo lugar, Vítor Sousa
não se apresentou aos militantes do PS como candidato à Câmara Municipal de
Braga. Quem foi que o fez? Os militantes disseram não a quem se apresentou
assim. Vítor Sousa não o fez.
Em terceiro lugar, Vítor
Sousa disse antes e depois da eleição que cabe aos militantes do PS decidir o
futuro incluindo a escolha de um candidato à Câmara Municipal.
Realizada a eleição, os
militantes que prezam os superiores interesses do partido e os valores da
democracia, devem aceitar o resultado e construir a unidade.
Que aconteceu? Em vez da
unidade, surge uma lista alternativa à maioria vencedora para o Congresso da
Federação do PS que é reforçadamente derrotada pelo voto dos militantes. Foi só
para chatear, dirão.
Em quarto lugar, é aos
militantes do PS — que gere os destinos de Braga desde 1976, o que reforça
responsabilidade diante dos bracarenses — que cabe apresentar a melhor solução
para o futuro de Braga.
É legítimo perguntar: os
partidos políticos, com todos os defeitos e valores, deixaram de ser os
instrumentos de combate da democracia em Portugal, sendo substituídos por
estudos de opinião pública?
Quem se apresentou como
candidato à Câmara de Braga aos militantes socialistas — apesar de inúmeros
artigos de opinião de alguns que se arrogaram ao direito indevido de serem
tutores dos militantes, tratando-os como incapazes — já conhece os resultados
da verdadeira sondagem.
O estrebuchar dos
comportamentos que se seguiram — lista para o Congresso Federativo e agora o
pedido de uma sondagem — escondem realidades indecentes e obscenas para a
democracia e o PS de Braga.
A começar por estarmos diante
de um projecto pessoal e não político, acolitado por uma casta dita letrada,
superior e detentora do pensamento político de uma “candidatura maior” que os
militantes “menores” rejeitaram.
Depois, revelam todos —
incluindo assessores presidenciais, professores e catedráticos — alguma
lentidão na compreensão da realidade bracarense: o adversário é o PSD, não é
Vítor Sousa nem os 70% de socialistas que o escolheram.
É essa a homenagem que
prestam a Mesquita Machado, à sombra do qual engordaram nestas décadas?
Ninguém entende. Só se
começarem a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma
fachada, uma falácia e uma mentira.
Se é isso, entreguem o cartão, porque não merecem ser militantes de
nenhum partido democrático.
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