Wednesday, February 2, 2011

Lampreia: um manjar de... abades




A certificação da lampreia do rio Minho que já era um petisco ímpar e muito apreciado pelos frades dos mosteiros instalados nas suas margens, nos séculos XII e XIII é uma tarefa prioritária para os municípios do Vale do Minho.

A Adriminho, o Aqua-museu de Cerveira, a Universidade de Aveiro e Francisco Sampaio constituem os principais actores na concretização deste projecto que passa também por estimular a constituição de uma confraria.
Isto mesmo foi anunciado na apresentação da segunda edição do festival de gastronomia e cultura que anima todos os fins de semana de Fevereiro e Março nos municípios banhados por este rio.

Ao mesmo tempo, os seis municípios promotores (Valença, Paredes de Coura, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Monção, Melgaço) querem unir esforços para promover a cultura e a tradição do Vale do Minho.

Francisco Sampaio, antigo presidente da Região de Turismo do Alto Minho, pai dos fins-de-semana Gastronômicos, revelou alguns passos deste processo cm base nas normas europeias.

Francisco Sampaio lamentou o atraso porque a França conseguiu em Nairóbi, em Dezembro, aprovar a culinária dos produtos regionais e “nós ficamos parados”, uma vez que já em 2000, podíamos ter avançado com este projecto.

Já temos uma parte importante através do Aquo-museu de Vila Nova de Cerveira, na parte científica do rio Minho, com a Escola Abel Salazar. A dúvida é saber se a lampreia do rio Minho tem especificidades próprias para dizermos que é única ou se ela é igual à lampreia de outros rios até Vila Real de Santo António” — começou por lembrar o antigo dirigente do turismo minhoto.

Está em estudo mas falta a denominação de Origem Protegida embora o que é mais rápido é o IGP — Identificação Geográfica Protegida para “o rio Minho todo”, a nível europeu.

Os pescadores de Galiza e os minhotos estão “de acordo, através de uma agrafe com um selo de garantia com um número que é colocado em todos os exemplares pescados no rio Minho”.
“É muitíssimo bom que isso possa acontecer em breve”



Outra questão europeia refere-se às “Especialidades Tradicionais Garantidas” — ETG — e aqui, como no arroz de sarrabulho (de porco bísaro)ou o pica-no-chão, o eurodeputado José Manuel Fernandes está a colaborar neste processo para “termos o nosso prato da lampreia, arroz de lampreia, melhor que a lampreia à bordalesa, que é o mais tradicional”.

Aqui exige-se que os restaurantes aderentes — cerca de uma centena mas bastam uns 40 — purifiquem a receita de modo a ser apresentado um “prato padrão” aceite por todos os restaurantes, a ser definido por cozinheiras mais antigas.

Foi este trabalho que Francisco Sampaio fez: deixou as cozinhas e foi para as bibliotecas e descobriu nos mosteiros de Santa Maria da Ínsua, (Caminha), S. Paio, em Ganfei (Valença), em Longos Vales (Monção), Paderne e Fiães (Melgaço) e até em Rubiães (Paredes de Coura) todos consumiam lampreia e tinham pesqueiras a partir da Lapela, em Monção.

Os pescadores ofereciam aos abades destes mosteiros as primícias, as primeiras lampreias pescadas.

Certificar a lampreia do rio Minho e estimular a constituição de uma confraria são os dois objectivos centrais da segunda edição do festival de gastronomia e cultura que anima todos os fins de semana de Fevereiro e Março nos municípios banhados por este rio.

O certame “Lampreia do rio Minho — um prato de excelência” foi apresentado no Castelo de Santiago da Barra, em Viana do Castelo, pela Adri-minho e Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, cujo presidente traçou como desafio tornar “o Vale do Minho um destino gastronômico de excelência”.

Melchior Moreira estava acompanhado pelos presidentes e representantes dos seis municípios envolvidos nesta operação e sustentou que este programa quer “aumentar a procura turística deste território, valorizar a gastronomia, dinamizar agentes locais e implementar estratégias supra-municipais de valorização de um recurso local com forte impacto na economia”.

Lampreia,
cultura,
recreio
e artes


Ao mesmo tempo, os seis municípios promotores (Valença, Paredes de Coura, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Monção, Melgaço) querem unir esforços para promover a cultura e a tradição do Vale do Minho.

A este programa aderiram cerca de uma centena de restaurantes daqueles concelhos onde os turistas são desafiados a “descobrir um rio de experiências e a deixar-se seduzir por uma corrente de emoções”.

A iniciativa é acompanhada de uma brochura que inclui os restaurantes aderentes e a programação cultural e desportiva que anima cada um dos seis concelhos ao longo dos dois meses.

A Adriminho, através de Maria José Codesso sublinhou que este projecto “vai de encontro às expectativas dos municípios do Vale do Minho”.
A vereadora melgacense reafirmou a vontade de criar a Confraria da Lampreia para defender a gastronomia tradicional com base num produto único”.

Mais assertivo foi o presidente da Câmara de Valença quando disse que “se a lampreia não é o melhor prato do mundo, passa agora a sê-lo” com estes fins-de-semana que são uma aposta para continuar”.

Estamos a promover uma região e um produto comum a todos nós” — advertiu Paulo Pereira, vereador da Câmara de Caminha, concelho que oferece um festival de doçaria a acompanhar degustação da lampreia.

Uma região “culturalmente mais rica e a certificação da lampreia do rio Minho” é o desejo de Sandra Pontedeira, da Câmara de Vila Nova de Cerveira que também saudou os pes-cadores do rio Minho porque eles também “tem valorizado a lampreia” numa terra de artes, musica e teatro para oferecer aos seus visitantes.

Augusto Domingues, da Câmara de Monção, elogiou esta parceria dos seis municípios pois “somos mais fortes para defender o que é bom”. No caso de Monção, Augusto Domingues sugeriu “ o melhor vinho do mundo para acompanhar o melhor prato do mundo e nos levar ao êxtase” e uma chave d’ouro, a 34.ª edição do Rally da lampreia, a 27 de Fevereiro.

Por sua vez, Manuel Monteiro, representante do único município sem rio Minho, Paredes de Coura, compensa ao dizer que “somos os melhores apreciadores da lampreia e os nossos restaurantes respondem à nossa exigência” num concelho que possui a truta, o museu regional, “os percursos terrestres, as rotas do xisto num festival de verde disponível para acolher bem quem nos visita”.

No final da apresentação do programa, a Escola Profissional ETAP brindou os convidados com um show cooking de lampreia, sob orientação da Chefe Helena Costa.

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