Saturday, April 11, 2009

Ecos da Guerra colonial em Moçambique

Testemunhos, fotografias e testemunhos recolhidos por um grupo coordenado por Domingos Guimarães Marques constituem a alma do novo livro "Cabo Delgado — uma história trágico-terrestre" que aborda momentos desconhecidos na nossa batalha colonial em Moçambique, desde "a operação nó-górdio ao fim do império" e proporcionar uma reflexão séria — a uma razoável distância — daquele tempo.

Ao longo de 383 páginas, este causídico bracarense recolhe e partilha documentos e testemunhos vivos dos membros dos Batalhões de Caçadores 2913, 2727, 3868 e 4213 e de várias companhias de artilharia que permitem ao leitor "observar a guerra durante este período, exactamente numas das piores zonas de guerra de Moçambique" quando decorriam os anos de 1970 e seguintes.

Domingos Guimarães Marques apresenta assim a recolha de memórias dos militares da guerra colonial, com especial incidência dos que estiveram em Cabo Delgado, desde Julho de 1970 até ao fim da Guerra Colonial ou fim do império.

Trata-se de um livro perfeitamente livre porque, garante o seu autor, "nenhuma das testemmunhas da história consultou algué´m para se aconselhar sobre o que deveria escrever e ninguém eprguntou a ninguém quem escreveria e o que iria contar".

Os testemunhos — quase todos na primeira pessoas — são eloquentemente enriquecidos com dezenas de fotografias
Para o coordenador, o objectivo desta obra reside simplesmente na "constatação dos factos, embora a partir de cantos distintos, por larguíssimas centenas, a passar de um milhar, de combatentes" que não deixará dúvidas nos leitores de que "foi esta a nossa história, que de tão dura que foi — para uns mais que para outros — não carece de qualquer invenção romanceada para a compor e transmitir às gerações futuras".

Domingos Guimarães Marques pretende, com esta obra profundamente docuemntada e "ensanguentada" de testemunhos directos dos afctos, prestar "uma homenagem a todos aqueles que connosco partiram e que connosco não regressram e àqueles que, tendo regressado connsoco, já se foram da lei da morte libertando".

A obra começa por contextualizar o início da subversão violenta nos distritos nortenhos de Moçambique, a partir de Agosto de 1964, quando é assassinado um padre da Missão de Nangololo, um mês antes do início da actividade militar por parte da Frelimo, as crises no interior da Frelimo, a criação dos Pisteiros e o lançamento da operação "nó górdio" por Kaúlza de Arriaga.

O corpo central do livro é constituído por testemunhos, fotografias e factos que foram vividos pelos militares dos batalhões e companhias de Caçadores de Artilharia, desde Julho de 1970 até ao último adeus, em Mocímboa da Praia.

Participam nesta edição do livro outros camaradas de armas de Domingos Guimarães Marques como são os casos de António Maria Oliveira Marques, Pedro José Santos Ramos e Eduardo Alves Brás.

Braga: Nimbus mostra excelência da arte minhota



O Minho é, “sem dúvida uma excelente região de artistas, desde Braga, Barcelos a Viana do Castelo, temos excelentes, como pintores, escultores, e outras áreas, como fotografia, mas as grandes decisões não são a Norte. Para a arte também”. A convicção é de Manuel António Araújo, proprietário há seis anos da Anticoar, Antiguidades, Coleccionismo e Artes geminada com a Galeria Nimbus, criada há um ano, no Centro Comercial dos Granjinhos.

A Anticoar está a celebrar há seis anos, mas tudo começou quando Manuel Araújo era muito novo, com um gosto pelo coleccionismo e pela arte, com destaque para a numismática da República e uma colecção fantástica de arte de Jerónimo.
Na Anticoar, o visitante pode encontrar desde quadros do século XVI até arte contemporânea que foi sendo recolhida ao longo de muitos anos.

Muitas das peças foram compradas antes de abrir a Anticoar, como louça, faiança, objectos de arte sacra, decoração, etc.
A arte é a secção mais forte do projecto Anticoar, com destaque para a escultura, pintura e fotografia.

NIMBUS APOSTA
NA ARTE REGIONAL

Apos seis anos, o balanço financeiro não é importante, porque a prioridade de Manuel Araújo “é formar públicos” e por isso é que surgiu a Galeria de arte Nimbus” — explica.
O nome surgiu durante a frequência de um curso de Estudos artísticos e Culturais na Faculdade de Filosofia e achei o nome interessante: “significa uma nuvem carregada de água e a partir do século V passou a ser a auréola da santidade dos santos”.
No tempo dos romanos era atribuída pessoas célebres.
Era um sonho que eu tinha de cumprir” — diz Manuel António Araújo ao explicar o lançamento da Galeria, uma vez que a Anticoar reúne centenas de autores, ao passo que a Galeria permite ter autores diferentes com projectos diferentes e mostra-los às pessoas, de forma clara e organizada.

DESFILE
DE ARTE
MINHOTA

É o que acontece no mês em que a Nimbus celebrou um ano com uma exposição de Mário Rocha, um insigne pintor do Minho, e acontece agora com a exposição inaugurada sábado com trabalhos de José Teixeira, um artista de Amares e professor na Universidade do Minho.

Ao longo de um ano, a primeira exposição foi de Cristos de Jerónimo, seguiu-se o Domingos Silva, da Povoa de Lanhoso, depois José Júlio Barros. Em Julho esteve o aguarelista Vítor, de Santo Tirso, seguindo-se Dias Machado, muito amigo de Jerónimo. O barrista escultor Esteves, de Barcelos, também marcou presença na Nimbus, juntando-se depois uma exposição de Nuno Portela, e uma colectiva 18 pintores, em Dezembro, em que só um deles não era minhoto.

O bracarense Jorge Vasconcelos abriu este ano com uma exposição de escultura cuja abra está patente por todo o pais e estrangeiro.

A minha intenção tem sido a de mostrar os trabalhos dos nossos magníficos artistas plásticos, para que eles não sejam como os santos da casa das artes — acrescenta Manuel Araújo, porque “é uma forma de lhes dar oportunidade. Não há galerias suficientes para que eles apareçam com os seus projectos e nós queremos dar-lhes voz e mostrar os seus trabalhos”.

O quadro da minha vida é de Mário Rocha, que eu comprei numa exposição na Casa dos Crivos, em 1995, que constitui um hino ao Minho. A figura central é um tocador de concertina numa festa com elementos de monumentos de Braga que ele consegue sobrepor de uma forma que me seduziu. É um dos quadros que nunca venderei” — comenta Manuel Araújo.

Numa breve panorâmica regional, Manuel Araújo sustenta que o Minho é, “sem dúvida uma excelente região de artistas, desde Braga, Barcelos a Viana do Castelo, temos excelentes, como pintores, escultores, e outras áreas, como fotografia, mas as grandes decisões não são a Norte. Para a arte também”.

As próximas exposições trazem a Braga — depois de Mário Rocha — José Teixeira, professor universitário, de Amares, cuja exposição foi inaugurada sábado.

Este ano, a Nimbus vai mostrar a arte


Fascínio por Jerónimo
que merece um museu


A vida mas sobretudo a obra de Jerónimo exercem um fascínio especial sobre Manuel Araújo, porque “é um pintor que eu conheci em vida e a quem nunca dei o valor devido. Eu andava muito ocupado, ele era um homem um pouco truculento na sua vida e não tomei consciência da força e grandiosidade dele. Quando ele faleceu, em Dezembro de 2003, tive acesso de forma mais aprofundada à obra dele”.

Manuel Araújo não tem dúvidas em afirmar que estamos na presença “de um génio da pintura que continua desconhecido do grande público. Pouca gente conhece a grandiosidade e a força da sua pintura”.

Manuel Araújo possui peças de fotografia dele, algumas delas premiadas, num total de milhares de peças, slides, centenas de fotos, correspondência (postais e cartas), mais de uma centena de esquiços, poemas, capas da sua autoria para livros, esculturas em madeira e bronze, os catálogos das suas exposições, as entrevistas do pintor, alguns trabalhos que lhe foram dedicados, alguns livros de arte que lhe era predilectos.

As pessoas amigas foram-me incentivando a recolher todo o espólio de Jerônimo e Manuel Araújo está “disponível para criar um museu” e Barcelos tem mostrado alguma disponibilidade para acolher esse espólio que já foi mostrado em Barcelos, Viana e Vila Verde.

Só se as pessoas virem a obra podem ter consciência da grandiosidade de Jerónimo” — assegura Manuel Araújo que prepara uma exposição de fotografia, uma faceta desconhecida do artista que possuía o seu atelier em Barcelos.

É um dos maiores pintores a nível nacional” — remata este galerista que começou como escriturário e contabilista em Barcelos.

Depois trabalhou em Braga no ramo automóvel, até se dedicar a criar a Anticoar, cujo espólio é constituído por dezenas de milhares de peças.